No mercado, ouvimos muito sobre a importância de ser especialista. E sim, profundidade importa. Mas será que apenas isso é suficiente para se destacar?
Hoje, as profissões não funcionam em caixinhas isoladas. Marketing não é só tráfego, design não é só estética, tecnologia não é só código. Tudo está conectado, e o profissional que não enxerga isso acaba limitado.
De acordo com o relatório ‘Future of Jobs Report 2025′ do World Economic Forum, as principais habilidades do futuro não são técnicas isoladas, mas sim competências como pensamento analítico e criativo, resiliência e flexibilidade.
O relatório também aponta que cerca de 40% das habilidades exigidas no trabalho devem mudar até 2030, e que 63% dos empregadores já identificam a lacuna de habilidades como a principal barreira à transformação dos negócios.
Ou seja, conectar áreas e desenvolver habilidades transversais já é visto como essencial no mercado de trabalho, e será cada vez mais valorizado nos próximos anos.
O problema da hiper-especialização
Ser especialista é ótimo até certo ponto, mas quando o ambiente muda rápido demais, você corre o risco de ficar obsoleto.
Muita gente era especialista apenas em anúncios no Facebook em 2016 e funcionava muito bem. Mas com o avanço de novas plataformas, formatos e linguagens, quem não expandiu sua visão ficou para trás.
O mercado atual exige algo além. Não basta ser “o cara do tráfego”, “a pessoa do design” ou “a especialista em copy”. Você precisa ter visão de ecossistema, compreender como áreas e processos se conectam e se adaptar constantemente.
O case prático: quando olhar além da caixinha gera resultado
Na prática, foi isso que aconteceu comigo.
Sou gestor de tráfego responsável por um dos meus projetos. Minha função é planejar, rodar e otimizar anúncios.
Em uma campanha, percebi que os números não batiam. O tráfego estava qualificado, mas o site não acompanhava. Era lento, caía e travava a experiência do usuário.
Mesmo sem ser um desenvolvedor avançado, entendi o suficiente para identificar que a lentidão do site era o gargalo.
Ajustamos o desempenho, otimizamos carregamento e o resultado foi imediato: o custo por lead de R$0,70 caiu para R$0,33.

Essa experiência mudou a campanha e me mostrou, na prática, que enxergar além da minha área foi um diferencial para melhorar os resultados.
Não precisei ser especialista em desenvolvimento, mas precisei ter repertório suficiente para perceber onde estava o problema e agir.
A lição: não é saber tudo, é conectar tudo
Esse foi apenas um dos inúmeros casos que me ensinou algo importante: não precisamos ser experts em todas as áreas, mas precisamos ter alfabetização interdisciplinar.
Você não precisa ser designer, mas precisa entender de usabilidade.
Não precisa ser desenvolvedor, mas precisa compreender de performance.
Não precisa ser copywriter, mas precisa reconhecer uma mensagem fraca.
É essa capacidade de enxergar além da execução que diferencia um profissional comum de um profissional que identifica oportunidades.
A IA acelerou essa transição.
Antes, o argumento contra a interdisciplinaridade era: “Mas eu não tenho tempo para aprender tantas áreas”. Hoje, a IA funciona como uma cola entre especialidades.
- Você não é designer, mas consegue prototipar ideias em segundos.
- Você não é dev, mas consegue usar IA para entender código e identificar possíveis erros.
- Você não é copywriter, mas pode validar hipóteses de texto com apoio de modelos de linguagem.
Um estudo da McKinsey mostrou que a IA generativa pode automatizar até 70% das atividades de um profissional de conhecimento.
Isso não significa que a IA vai substituir pessoas, mas que quem souber usá-la vai conseguir expandir sua atuação e se tornar muito mais interdisciplinar.
Se antes ser interdisciplinar era um diferencial, hoje, com a IA, isso se tornou uma obrigação. Não há mais desculpa para não ampliar seu repertório.
Se isso é positivo ou negativo, deixo para outra conversa. O fato é que, atualmente, ser interdisciplinar não é apenas desejável, é essencial para se destacar no mercado e concorrer às melhores oportunidades.
O futuro é dos profissionais “em T”
Existe um conceito muito usado no mercado chamado T-shaped professional.
Na prática, significa:
- O traço vertical do “T” representa a sua especialidade, ou seja, a profundidade de conhecimento em uma área específica.
- O traço horizontal é a sua capacidade de entender várias outras áreas que se conectam com a sua.
Esse é o perfil que o mercado já está valorizando!
A presença da Inteligência Artificial só reforça essa tendência, pois permite que qualquer profissional amplie seu conhecimento transversal e se conecte melhor com diferentes disciplinas.
Resumo da Ópera
O que venho observando, estudando e sentindo na prática é que a interdisciplinaridade não é opcional. É diferencial competitivo, é sobrevivência e é futuro.
Especialistas continuam sendo necessários, mas os profissionais que entregam mais resultados são aqueles que conseguem olhar além da sua caixinha e conectar saberes diferentes.
Afinal, o futuro pertence a quem enxerga conexões onde outros só veem barreiras.
E você, em quais áreas além da sua especialidade tem buscado conhecimento para ampliar seus resultados?
